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CURIOSIDADE:
Em 23 de Junho de 1878, o jornal da Província de São Paulo anunciava na primeira página: “Vendo por propostas todas as matas dos terrenos do Bexiga pertencentes a A.J.L. Braga e Companhia”. Estava dada a largada para o nascimento do bairros mais emblemático da capital: o Bixiga. Nessa época a capital já experimentava o crescimento com a chegada dos imigrantes; os italianos que não toparam a aventura de colher café no interior se interessaram pelos terrenos e aproveitaram os preços baixos e para lá se mudaram em bando.
Por coincidência, a área era rodeada de ruas estreitas com 60 palmos de largura e aclives que lembravam bem as pequenas aldeias da Itália. A maioria dos estabelecidos era de italianos calabreses, que logo perceberam na nascente metrópole a falta de mão-de-obra especializada. Lá Foram eles: sapateiros, artesãos, padeiros, quitandeiros, e tudo o mais que era exigido por um simples meio de sustento.
Os primeiros registros referentes ao Bixiga são de 1559, e dão conta de uma grande fazenda chamada Sítio do Capão, cujo dono era o português Antonio Pinto (Capão é uma porção de mato isolado no meio do campo). Décadas mais tarde o local passou a se chamar Chácara das Jabuticabeiras, devido ao grande número dessas árvores frutíferas existente nas imediações.
Já na segunda década do século XVIII, o local pertencia a Antônio Bexiga. Ao que parece o proprietário fora vitima da varíola – bexiga era o nome popular da doença, e os enfermos eram conhecidos como bexiguentos. Segundo estudiosos, nas imediações do Bixiga, muito antes da chegada dos imigrantes italianos, a região era habitada por negros que fugiam da escravidão e se escondiam nas matas dali.Não foi todo mundo que gostou do Bixiga – é bom lembrar que o “e” da palavra passou a “i” devido à boa fala popular.
O Bixiga cresceu lentamente, sempre dominado pela dualidade de idiomas( português e italiano). Aliás, em algumas ruas do bairro o italiano era muito mais falado do que a língua pátria. Quando não era uma das duas, era a junção de ambas – que o compositor Adoniram Barbosa eternizou em centenas de canções. Mesmo ele não sendo do bairro é considerado como seu símbolo. O Bixiga deixou de ser Bixiga através de um decreto municipal de dezembro de 1910. A partir de então nascia a Bela Vista. Pouco mudou: o povo continuaria a chamar o lugar de Bixiga, com “I”.
Em 1948, finalmente o Bixiga encontrou a sua vocação. Ele se tornaria o mais paulistano e o mais boêmio de todos os bairros da capital. Nesse ano, o industrial Franco Zampari alugou um prédio na rua Major Diogo e nele instalou o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), a grade semente da agitada vida cultural e noturna do Bixiga, que perdura e cresce a cada dia.
Hoje o Bixiga exala cultura, seja pela qualidade dos espetáculos, seja por suas ruas – agora bem-cuidadas, seja pelos tipos maravilhoso, diferentes e estranhos que por elas circulam. Tipos paulistanos que ensinam a amar a beleza escondida nas ruas do querido Bixiga.
Fonte: 450 Bairros São Paulo 450 Anos Editora: Senac São Paulo
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