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CURIOSIDADE:
Quem vê os Jardins hoje não pode imaginar como era o bairro há menos de 100 anos. Fora da rota dos viajantes que faziam de São Paulo parada obrigatória, a região era um grande pântano, muito úmido e considerado insalubre. O progresso que começava a notar-se na cidade passava longe dali. Por essa razão, são poucas as notícias e documentos históricos sobre a região com data anterior ao começo do século XX.
Pois essa área pouco valorizada foi escolhida pela Cia. City, que já enxergava a cidade se expandindo naquela direção. Para que isso acontecesse em grande estilo e como planejava, a empresa investiu nas melhorias que atrairiam os melhores compradores, interessados no inédito conceito urbanístico que a Cia. City implementaria algo inédito na América do Sul, a cidade-jardim. Era a primeira vez que um bairro seria construído de acordo com um planejamento prévio e seguindo a normas urbanísticas definidas.
Todo o processo de criação dos Jardins começou em 1913, quando foi adquirida uma área de 1.091.118 m², antiga propriedade dos Coronéis Joaquim e Martim Ferreira da Rosa.
O perímetro correspondia a terrenos localizados na freguesia do Espírito Santo da Bela Vista, passando pelos bairros de Vila América e Vila Nova Tupi. Mais tarde, os limites foram ampliados, com a aquisição de novas terras em 1921 e, depois, entre 1936 e 1945, com terrenos criados a partir da abertura da Avenida Nove de Julho.
O primeiro projeto, feito pelo renomado arquiteto inglês Barry Parker, previa não apenas um bairro residencial, mas sim uma comunidade restrita, a exemplo das “garden city” inglesas e americanas. Alguns anos depois, por volta de 1917, o próprio arquiteto refaz o traçado do bairro, tornando o loteamento estritamente residencial, pontuado por jardins semi-públicos que eram acessados por meio de graciosas vielas. Além disso, extensas áreas foram destinadas especificamente à prática de esportes, abrigando, posteriormente, o Club Athletico Paulistano.
A intenção de manter o caráter residencial dos Jardins era baseada no Decreto Municipal nº 3227, datado de 1929, que estabelecia a proibição de construção de prédios não residenciais, bem como a obediência ao recuo obrigatório do alinhamento da rua para toda a extensão do bairro.
Quando começou seu trabalho, porém, a Cia. City tinha apenas uma única via de acesso a seu futuro loteamento: a Rua Augusta, ainda não pavimentada. Portanto, grandes investimentos foram necessários. Ainda em 1913, o terreno pantanoso foi drenado e recebeu uma sólida cobertura de pedregulhos.
As ruas foram propositadamente elevadas para possibilitar o escoamento das águas pluviais e acordos entre a Cia. City e os departamentos públicos garantiram os serviços de água, esgoto, gás e eletricidade. O calçamento das ruas foi iniciado em 1928, a iluminação pública em 1931 e o serviço de ônibus em 1934.
Além das benfeitorias públicas, das amplas áreas verdes e do traçado das ruas que respeitava a topografia do terreno, o projeto de Barry Parker estabeleceu terrenos amplos, de tamanho suficiente para abrigar grandes casas e seus jardins espaçosos. As residências deveriam seguir um modelo de ocupação do terreno e sua construção era supervisionada por arquitetos e engenheiros da Cia. City. As primeiras casas ficaram prontas em 1925 e, em 1930, praticamente todos os terrenos estavam ocupados.
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