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CURIOSIDADE:

A zona noroeste foi devidamente cantada por Gilberto Gil na música “Punk da periferia”. A lembrança foi a Freguesia do Ó que, segundo a lenda, deve o seu nome a um italiano, vendedor de limões, que morava na região onde fica hoje o Bairro do Limão (outra grande chácara) e se referia a certos clientes como a sua “freguesia do Ó”.

Aliás, é o único que ainda guarda a denominação freguesia – como eram chamados os bairros nos séculos passados, como as freguesias da Penha, de Santana, de Santo Amaro, da Sé, etc. Esses clientes, quase todos portugueses, vinham de uma província onde, na época de Natal, repetiam, ao rezar, esse “Ó!”. Eram as sete Antífonas de Véspera, rezadas de 17 a 23 de dezembro. Como estas:

Apesar do motivo religioso (a ladainha), o que pegou foi o apelido, como ocorreu com a Bela Vista, que se celebrizou como Bixiga.

A história conta que a Freguesia remonta ao ano de 1618, quando foi construído o Caminho de Nossa Senhora de Expectação (ou Esperança).

A região pertencia à sesmaria de Manuel Preto, que ali edificou a igrejinha em devoção a Nossa Senhora da Esperança. A capela construída pelo bandeirante foi destruída pela ação do tempo. Outra foi construída no mesmo lugar.

Manuel Preto era um bandeirante muito conhecido na Vila de São Paulo. Amado e odiado, era filho do também bandeirante Antônio Perto, que havia exercido vários cargos na vila, entre eles o de vereador. Era um grande caçador de índios e não respeitava as missões onde os jesuítas catequizavam os chamados “negros da terra”. Em 1623, segundo documentação espanhola, Preto e sua gente investiram contra missões jesuítas nos sertões do rio Uruguai. Nesse ataque igrejas forma saqueadas, altares foram profanados, imagens de santos foram quebradas e índias foram violentadas.

Uma curiosidade: o primeiro pedágio de que se tem notícia no estado de São Paulo foi implantado em 1741 na ponte sobre o rio Tietê, na então conhecida estrada para a freguesia da Nossa Senhora do Ó. A ponte ligava a Vila de São Paulo ao pequeno bairro de Nossa Senhora do Ó.

O local tinha importância para os habitantes da vila, pois era uma dos mais procurados pelos mineradores da época, por levar ao outro do pico do Jaraguá. No mesmo ano a Câmara dos Vereadores recebeu informações que os moradores da freguesia (do Ó) andavam rebeldes quanto ao pagamento do tal pedágio. O fato é que a cobrança perdurou até o início do século XIX.

O pequeno bairro manteve-se, por muitos anos, praticamente isolado do restante da cidade, e ficou conhecido por seus sítios, chácaras e por fazer parte do cinturão caipira da cidade. Devido ao bom clima da região, a cana-de açúcar e a aguardente da freguesia ficaram famosos em toda a região, especialmente a caninha. Os sitiantes enchiam os carros de boi com a melhor pinga e vendiam-na no centro da vila. Os próprios historiadores e São Paulo garantem que o paulistano gostava mesmo era da pinga, e não do vinho.




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